Deixar
a definição do voto para a última hora é um ato consciente, que valoriza a
decisão fundamental
No
primeiro turno, mais de 1,5 milhão de eleitores paulistanos decidiram em quem
iriam votar para prefeito nos últimos sete dias de campanha.
Dentre
esses, a maior parte decidiu-se apenas nos últimos dois dias. Esses números
correspondem aos 23% que admitiram ter deixado a opção para os momentos
derradeiros, em pesquisa Datafolha nos dias seguintes ao primeiro turno, com
base nas pessoas que foram votar.
O
comportamento não é novidade no cenário paulistano e, por ser crescente e
decisivo em disputas dinâmicas, deve ser considerado pelos estrategistas de
campanhas e estudiosos do voto.
Em
2008, quando na reta final Marta Suplicy (PT) foi ultrapassada por Gilberto
Kassab (PSD), o contingente de eleitores de última hora foi um pouco menor:
18%.
Vale
notar que a parcela que tomou a decisão no próprio final de semana da eleição
permaneceu tecnicamente inalterada: 12% em 2008 e 13% neste ano.
Entre
os que admitiram esse comportamento, há uma predominância de mulheres, com
idade média na faixa dos 40 anos, sem formação universitária e pertencentes a
famílias de baixa renda.
Elas
residem principalmente em bairros periféricos das zonas norte e sul da cidade.
Já
na zona leste, o comportamento ficou próximo da média tanto nos bairros mais
pobres quanto nos mais abastados. Nos locais mais ricos das zonas norte e sul,
assim como no centro e na zona oeste esses, eleitores ficaram abaixo da média.
DESINTERESSE?
Seria
isso um mero sinal de procrastinação gerado pela obrigatoriedade do voto e pelo
desinteresse? Segundo a Receita Federal, o pico de entrega de declarações foi
em 30 de abril deste ano, último dia de recebimento.
Estariam
os eleitores tendendo a se comportar diante da urna como a cumprir obrigações
burocráticas?
Pelo
contrário. Especialmente nas metrópoles, cada voto é elaborado com base no
conhecimento profundo que o enfrentamento com os problemas cotidianos oferece.
O
prefeito é reconhecido como o cargo público que mais intensamente pode afetar a
vida dos cidadãos.
Aguardar
o último lance de informações é um ato consciente, de valorização da utilidade
do voto.
Fonte: artigo de Mauro Paulino, publicado na Folha de São Paulo em 14/10/2012.
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