A política brasileira tem reforçado uma
tendência preocupante de não conseguir cativar mais os cidadãos, cada vez mais
desgastados e descrentes de que a participação pelo voto seja capaz de impor as
vontades de uma minoria consciente e com maior espírito crítico.
Vencidos pela manifestação de uma maioria que
ainda verga sob as influências de apadrinhamento e distribuição de benesses,
esses eleitores desanimam e fazem crescer a cada pleito o número de votos brancos,
nulos e ausências.
Ainda assim, persiste um outro fenômeno que
se acentua entre os eleitores. É a grande expectativa de uma efetiva
transformação do panorama político pela renovação dos quadros legislativos, como
uma grande oportunidade de expressar a insatisfação em relação à pífia atuação
de vereadores e deputados.
Através do voto, os cidadãos podem demonstrar
o quanto o desacerto institucional precisa ser consertado com escolhas mais
conscientes e críticas. O recado eloquente das urnas veio com um alto índice de
renovação das Câmaras municipais, mostrando que há um desejo arraigado de transformação.
[...]
O Legislativo é hoje um poder desacreditado,
inútil em muitos casos, omisso e conivente, a ponto de muitos desejarem a sua
anulação. O descrédito da população é alimentado por um sistema de compadrio
político, de inépcia e denúncias de abusos e corrupção.
Com o tempo, os vereadores passaram a se
sustentar com a distribuição de favores e benefícios, totalmente distanciados
de sua função precípua de legisladores e fiscais da coisa pública. Por outro
lado, cresceram os benefícios autoconcedidos, os salários exacerbados e as
vantagens do cargo.
As mudanças requeridas pela sociedade se dão
em ritmo lento e ainda incorporam alguns vícios que se perpetuam. Mas o sinal de
repúdio foi dado e deve ter consequências na atuação futura, no caminho de uma
política mais limpa, ordenada e realmente representativa.
Fonte: Trecho do
Editorial do Correio Popular, publicado em 13/10/2012.
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