28 de dez. de 2010

O que esperar - I

Muito se fala das relações internas e externas dos conselheiros, mas o que é esperado das relações humanas dentro dos órgãos colegiados, passamos a abordar o tema para sua melhor compreensão.
As virtudes são independentes do uso que delas se faz, como do fim a que visam ou servem. A faca não tem menos virtude na mão do assassino do que na do cozinheiro, nem a planta que salva mais virtude do que a que envenena. Uma faca excelente na mão de um homem mau não é menos excelente por isso. Virtude é poder, e o poder basta à virtude.” (Rony Alibert Hergert, Artigo sobre o Dever de Urbanidade do Advogado).
Nenhuma virtude é natural; logo é preciso tornar-se virtuoso. Mas como, se já não somos? Explicava Aristóteles que "... é fazendo que aprendemos". Como fazê-las, porém, sem as ter aprendido? Continuava Aristóteles "... é praticando as ações justas que nos tornamos justos, praticando as ações moderadas que nos tornamos moderados e praticando as ações corajosas que nos tornamos corajosos". Mas como agir justamente sem ser justo? Pelo hábito, parece responder Aristóteles: “...o hábito supõe a existência antecedente daquilo a que nos habituamos”.
Já dizia Esopo, o mais conhecido fabulista da antigüidade, que “...do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela, tecem-se as intrigas e as calúnias, as mentiras cruéis, as injúrias e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas podem ser corrompidas. Através dela, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social”.
Essa pequena história encerra um valioso ensinamento moral. A palavra, enquanto instrumento de comunicação é, em si mesma, neutra. O uso que fazemos dela, tonificada pela ação dos nossos sentimentos, torná-la-á construtiva ou depreciativa, esperançosa ou pessimista, sábia ou destruidora.

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