17 de mar. de 2011

Postura empreendedora - II

A aproximação das entidades sociais às formas de gestão empresarial é uma estratégia adequada, desde que não seja imitativa e à medida que o foco principal esteja na melhoria dos processos de trabalho. É de conhecimento comum que as entidades sociais sempre careceram de boa gestão, bastando observar que sua administração resume-se à coleção de papéis e à prestação de contas anual. Como regra, as entidades sociais não estabelecem objetivos claros, não se incluemjmjjrojetos coletivos, não se avaliam sistematicamente. Substituem facilmente o profissionalismo pelo filantropismo, diante do qual o favor e o benefício próprio, muitas vezes politiqueiros, sobrepõem-se aos direitos do seus usuários.
Embora seus processos administrativos precisem ser melhorados urgentemente, não se pode simplesmente enquadrar as entidades sociais como empresas, sob risco de atropelar a sua história, marcada pelo engajamento social e político. A trajetória das entidades sociais inclui ações como a organização popular, a luta por direitos e a participação popular, entre outras. Essas ações foram formatando uma maneira de gerenciar e liderar mudanças, que devem ser assimiladas quando se discute uma gestão empreendedora.
Qualquer intervenção deverá preservar a identidade das entidades, resguardando sua forma de constituição e sua vocação social. As entidades sociais são empreendimentos sem fins lucrativos, não-govemamentais, compostas por voluntários e prestadoras de serviços a custos baixos. No plano social, atuam como espaços utópicos de diversos segmentos da sociedade excluídos do acesso a bens e serviços, promovendo o exercício da convivência comunitária, da democracia, da luta por direitos e da construção da cidadania. "Seu produto não é um par de sapatos, nem um regulamento eficaz. Seu produto é um ser humano mudado ... isto é, uma vida transformada."
Com base nessas considerações, acredito que a nossa meta seja buscar um equilíbrio entre: racionalizar a gerência institucional, imprimindo-lhe um caráter estratégico, manter a identidade das entidades sociais, e garantir a sua missão histórica na construção da cidadania.
Fonte: transcrição do trabalho de Alfredo Barbetta sobre Gerenciamento Empresarial da Entidade Social.

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