Dando continuidade, e encerrando, a divulgação da entrevista da professora Luciana, transcrevo a seguir a resposta sobre a questão da legitimidade da representação da sociedade civil nos Conselhos.
Esse é um dos novos temas que tem emergido no avanço das agendas de pesquisa nessa área. Hoje há um grupo que vem discutindo qual a especificidade da representação da sociedade civil em espaços como os conselhos, o que significa, dentre outras coisas, perguntar sobre quais critérios de legitimidade se assentaria essa representação. Por algum tempo essas experiências foram tratadas como sendo exemplos de democracia direta. Mas, como sabemos, não se trata disso. Espaços como conselhos, orçamentos participativos, etc, colocam em curso diferentes modalidades de representação e fundamentos de legitimidade, os quais por si só têm se traduzido em interessantes agendas de investigação, com desdobramentos interessantes no campo das teorias da democracia. (g.m)
No campo das pesquisas empíricas, hoje já temos um conjunto de informações no que refere ao perfil dos conselheiros. Nesse caso é interessante perceber que apesar dos diferentes contextos nos quais a prática conselhista ganha vida, os conselheiros da sociedade civil têm renda familiar e nível educacional acima da média da sua população de referência. Isso nos tem permitido falar numa certa elitização da participação nos conselhos, diferente do que vemos, por exemplo, no caso das experiências de orçamento participativo. (g.m.)
Uma outra questão importante, aqui, diz respeito à relação entre os conselheiros e suas organizações de origem. O que os estudos apontam é que na maioria dos casos os conselheiros, nas reuniões do conselho, acabam representando a si mesmos. Isso é ainda mais dramático no caso dos conselheiros governamentais, porque muitas vezes este representante não tem qualquer poder de decisão nas suas secretarias e, por isso, não pode encaminhar acordos e negociações no interior dos conselhos, ou quando os faz, tem dificuldade para honrá-los depois. (g.m)
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